1 - Entenda o
fato de que muitas pessoas têm certa “alergia” à palavra
“feminismo”, mas não as culpe! Olhe para o movimento feminista
atual, aceite a parcela de culpa que cabe a ele - pelo “marketing”
inadequado que tem feito - e tente passar uma imagem melhor: sem
radicalismo, sem ódio aos homens, sem jargão, sem desonestidade
intelectual, sem ingenuidade, sem exagero.
2 - Não adianta
pregar aos já convertidos. Os textos feministas deveriam ser
dirigidos principalmente às pessoas não-feministas. Em outras
palavras, os artigos feministas (exceto os propriamente acadêmicos)
deveriam ser entendidos por qualquer pessoa com mais de 12 anos,
independente de qualquer conhecimento prévio sobre feminismo.
3 - Evitar usar
palavras como reacionário, reaça, coxinha, patriarcado, cultura do
estupro, todxs, tod@s, empoderamento. Isso só serve para fazer média
com um grupo de leitores que já pensa exatamente como você, e
espantar todos aqueles que poderiam aprender algo novo com seu texto.
4 - Feminismo não
tem relação lógica com a esquerda política. Ocorre apenas que,
por diversos motivos, a maioria das feministas simpatiza com a
esquerda. Só que a identificação automática feminismo-esquerdismo
é prejudicial para a difusão do feminismo (já que muita gente tem
aversão automática a tudo que é de esquerda) e deve ser evitada. O
feminismo é apenas uma luta por igualdade, é uma causa
perfeitamente racional e deve tentar conquistar adeptos em todas as
vertentes políticas.
5 - Evite
generalizações e exageros. Ninguém (exceto quem já compartilha
sua visão) vai levar a sério se você ficar falando em “opressão
das mulheres” ou “cultura do estupro” em pleno Brasil de hoje.
Guarde essas expressões para quando estiver falando de situações
muito mais graves em outros continentes.
6 - Tenha muito
cuidado ao falar sobre pesquisas e estatísticas. Antes de se sentir
horrorizada com algum dado, procure entender o contexto. Por exemplo,
se você leu que “4.000 mulheres foram assassinadas no ano
passado”, é preciso comparar com o número total de assassinatos
naquele período. O alto número de mortes de mulheres pode ser
apenas reflexo da violência em geral. É grave, mas não é uma
questão de gênero.
7 - Tenha
honestidade intelectual sempre. Não fale de opiniões como se fossem
fatos, nem ignore os fatos só porque eles vão contra a sua
ideologia. Você não tem dados para concluir que “o modo como a
mulher se veste não influencia a chance de estupro”, então não
invente. A propósito, eu também não tenho dados para saber se a
roupa influencia ou não, apenas acho que influencia (e tenho
argumentos para defender essa opinião).
8 - Pare de ver
inimigos por toda parte, procure interpretar com benevolência e
mente aberta o que o outro lado fala. Entenda que ninguém está
“culpando a vítima” só porque perguntou como ela estava
vestida. Não conclua automaticamente que seu interlocutor é louco
ou imoral. Evite rotular os seus adversários, ignore ataques
pessoais e só responda argumentos com argumentos.