sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Conselhos para as feministas que escrevem textão na internet


1 - Entenda o fato de que muitas pessoas têm certa “alergia” à palavra “feminismo”, mas não as culpe! Olhe para o movimento feminista atual, aceite a parcela de culpa que cabe a ele - pelo “marketing” inadequado que tem feito - e tente passar uma imagem melhor: sem radicalismo, sem ódio aos homens, sem jargão, sem desonestidade intelectual, sem ingenuidade, sem exagero.
2 - Não adianta pregar aos já convertidos. Os textos feministas deveriam ser dirigidos principalmente às pessoas não-feministas. Em outras palavras, os artigos feministas (exceto os propriamente acadêmicos) deveriam ser entendidos por qualquer pessoa com mais de 12 anos, independente de qualquer conhecimento prévio sobre feminismo.
3 - Evitar usar palavras como reacionário, reaça, coxinha, patriarcado, cultura do estupro, todxs, tod@s, empoderamento. Isso só serve para fazer média com um grupo de leitores que já pensa exatamente como você, e espantar todos aqueles que poderiam aprender algo novo com seu texto.
4 - Feminismo não tem relação lógica com a esquerda política. Ocorre apenas que, por diversos motivos, a maioria das feministas simpatiza com a esquerda. Só que a identificação automática feminismo-esquerdismo é prejudicial para a difusão do feminismo (já que muita gente tem aversão automática a tudo que é de esquerda) e deve ser evitada. O feminismo é apenas uma luta por igualdade, é uma causa perfeitamente racional e deve tentar conquistar adeptos em todas as vertentes políticas.
5 - Evite generalizações e exageros. Ninguém (exceto quem já compartilha sua visão) vai levar a sério se você ficar falando em “opressão das mulheres” ou “cultura do estupro” em pleno Brasil de hoje. Guarde essas expressões para quando estiver falando de situações muito mais graves em outros continentes.
6 - Tenha muito cuidado ao falar sobre pesquisas e estatísticas. Antes de se sentir horrorizada com algum dado, procure entender o contexto. Por exemplo, se você leu que “4.000 mulheres foram assassinadas no ano passado”, é preciso comparar com o número total de assassinatos naquele período. O alto número de mortes de mulheres pode ser apenas reflexo da violência em geral. É grave, mas não é uma questão de gênero.
7 - Tenha honestidade intelectual sempre. Não fale de opiniões como se fossem fatos, nem ignore os fatos só porque eles vão contra a sua ideologia. Você não tem dados para concluir que “o modo como a mulher se veste não influencia a chance de estupro”, então não invente. A propósito, eu também não tenho dados para saber se a roupa influencia ou não, apenas acho que influencia (e tenho argumentos para defender essa opinião).
8 - Pare de ver inimigos por toda parte, procure interpretar com benevolência e mente aberta o que o outro lado fala. Entenda que ninguém está “culpando a vítima” só porque perguntou como ela estava vestida. Não conclua automaticamente que seu interlocutor é louco ou imoral. Evite rotular os seus adversários, ignore ataques pessoais e só responda argumentos com argumentos.