segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Muito barulho por nada: a questão da “culpa da vítima” no estupro



Uma das polêmicas mais comuns nos debates sobre feminismo é a suposta “culpa da vítima” - também conhecida como “ela estava pedindo” - em casos de estupro. Veremos que essa polêmica toda é, em grande parte, apenas um mal-entendido quanto ao significado da palavra “culpa”.

A maioria dos homens argumenta da seguinte forma:
“Se um homem sabe que está numa vizinhança perigosa, não vai andar com relógio de ouro, falando num celular último modelo, vai? Se esse cara for assaltado, todo mundo vai dizer que ele deu bobeira, que é preciso tomar mais cuidado, etc. Ninguém vai tirar a culpa do ladrão, ninguém vai dizer que o playboy foi o culpado de tudo... mas diremos que ele contribuiu, que ele aumentou o risco de ser assaltado com seu comportamento descuidado. Da mesma forma, a mulher também pode aumentar ou diminuir o risco de ser vítima de estupro, dependendo do seu comportamento e roupas. Isso não é culpar a vítima, e sim reconhecer um fato óbvio.”

Já as feministas geralmente argumentam assim:
“É um absurdo culpar a vítima! O estuprador é o único culpado. A mulher tem o direito de se comportar como quiser, de se vestir como quiser..  nada disso significa que mereça ser atacada.”

Ao que uma pessoa sensata só poderia responder: Claro! Colegas feministas, parem de falar o óbvio! NINGUÉM está negando o óbvio, e vocês só parecem loucas raivosas quando falam como se houvesse alguma controvérsia real na questão da “culpa da vítima”.

Vamos ser claros: a pessoa que diz que roupa curta aumenta o risco de assédio não está dizendo que a culpa é da vítima, pelo menos não no sentido moral da palavra culpa!

Isso é um mal-entendido relacionado com os sentidos da palavra “culpa”. Se entendermos “culpa” como qualquer conduta que aumente a chance de ocorrer um evento, então sim, o assaltado quase sempre tem um pouco de culpa, assim como a mulher assediada/estuprada. Só nesse sentido é que você vai ouvir alguém dizendo (embora até isso seja raro no Brasil) que fulana teve “culpa” por ser estuprada. Porém, quando as feministas acusam alguém de “culpar a vítima”, o significado de “culpa” já passa a ser outro, mais comum e contundente: provocar conscientemente o resultado, “pedir” pra ter problemas, merecer. Ora, é óbvio que ninguém acha realmente que o fulano quis ser assaltado, ou que a mulher merecia ser estuprada, ou mesmo que qualquer um deles considerasse provável ser atacado naquele dia! Repito: NINGUÉM ACHA! Então também é óbvio que, quando uma feminista acusa alguém de “culpar a vítima” nesse sentido, está atacando uma afirmação fictícia que só existiu na mente dela, um mero espantalho.

O que muitas feministas fazem, com uma desonestidade intelectual assustadora, é pegar qualquer comentário que meramente sugira culpa do sentido leve/estatístico e automaticamente igualar isso a uma afirmação categórica de que a vítima é culpada no sentido pesado/moral! Assim, qualquer pergunta sobre a conduta da vítima (ela estava bêbada? como estava vestida?) logo se converte, na mente das feministas, em “ela estava pedindo” e “a culpa foi da vítima”. E assim as feministas repetidamente renovam esse espantalho para atacar até o fim dos tempos..

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